Encontro aborda a temática do negro e morador da periferia

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Encontro aborda Centros de Prevenção na temática do negro e morador da periferia

Na busca de um atendimento cada vez mais qualificado, analistas que atuam no Programa Mediação de Conflitos estão participando de capacitações mensais

 

Se colocar no lugar do outro e compreender o que é estar naquele lugar é um facilitador na hora de prestar qualquer auxílio. Para que o trabalho dos analistas sociais que atuam no Programa Mediação de Conflitos (PMC) seja cada vez mais qualificado, a Subsecretaria de Políticas de Prevenção à Criminalidade (Supec), da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), vem realizando, mensalmente, encontros de formação.

No encontro mais recente, na Escola da Advocacia Geral da União, na região centro-sul da capital, a realidade do negro morador de periferia foi o eixo principal da discussão na temática “Identidades, raça e periferia”.

Cerca de 70 técnicos e gestores que atuam em Centros de Prevenção à Criminalidade de Belo Horizonte e da Região Metropolitana foram capacitados para garantir um atendimento cada vez mais qualificado às especificidades do público que é majoritário no programa. Dentre os atendidos pelo Mediação de Conflitos, cerca de 60% se autodeclaram negros (pretos e pardos).

Para Benilda Regina Brito, mestre em Gestão Social e ativista de movimentos feministas e negros, é essencial que os profissionais que trabalham diretamente com esse público entendam as relações que acontecem nos territórios e as condições de vulnerabilidade dessas pessoas para garantir uma atuação de excelência.

“Nós somos pessoas diferentes, com oportunidades diferentes, ocupando o mesmo espaço. Para mediar conflitos, é fundamental que a gente possa ver e se colocar no lugar de cada um, para que consigamos mudar essa realidade”, explicou.

Em sua palestra, Benilda apresentou dados sobre o racismo no Brasil, lembrou um pouco da história da escravidão e da cultura de desvalorização dos negros no país e contou sobre sua luta para ser reconhecida e respeitada como mestre em Gestão Social sendo uma negra vinda da periferia. “É preciso que essas pessoas sintam que quem as está ouvindo sabe de suas dificuldades e está ali para que juntos possam chegar a uma solução, qualquer que seja o conflito”, acrescentou.

Durante o encontro, realizado nessa quarta-feira (16/5), também foram colocados em pauta conceitos como os de racismo, preconceito e discriminação, além do compartilhamento de experiências. Segundo especialistas, o Brasil é o país com a segunda maior população de negros do planeta fora do continente africano.

Analista social no Programa Mediação de Conflitos, Poliana de Oliveira acredita que a discussão da temática é fundamental para que os profissionais possam se identificar com a realidade em que atuam. “A gente ganha muito nessa formação, para ter uma atuação mais qualificada dentro desse cenário de perdas de direitos e de negação da identidade. Essa discussão nos auxilia muito na condução dos trabalhos, a fim de fortalecer os assistidos no reconhecimento de suas histórias”, avaliou.

Esse foi o quarto encontro de capacitação do Programa Mediação de Conflitos em 2018. Desde janeiro, também já foram temas: “Mulheres, negras, moradoras de periferia”, “Intervenções em grupo – fomentando a organização comunitária” e “Veículos comunitários no viés da proteção social”. Os temas são definidos de acordo com as demandas recebidas dos territórios de atuação e também a partir de intervenções realizadas pelas equipes.

 

O programa

O Mediação de Conflitos é um programa de prevenção social à criminalidade que atua em territórios marcados pela violência e pelo baixo acesso a direitos, a partir dos fundamentos da Mediação Comunitária. O objetivo é a resolução pacífica de conflitos, com foco na prevenção e na redução de homicídios em razão de violência doméstica, familiar e contra a mulher, e também na resolução de conflitos entre vizinhos e na violação de direitos.

Os trabalhos são feitos por meio da participação social e institucional, da organização comunitária e de orientações para acesso a direitos. O programa tem caráter participativo e inovador, incentivando o diálogo e possibilitando o fortalecimento dos vínculos de grupos e comunidades.