Escola inicia curso em Tradução e Interpretação de Libras

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Escola referência em atendimento educacional a surdos inicia curso técnico em Tradução e Interpretação de Libras

Escola Estadual Francisco Sales, em Belo Horizonte, é uma das seis escolas estaduais que ofertam o curso em Minas Gerais, novidade da Rede Estadual de Educação Profissional em 2018

 

Diversidade, interesse e foco: essas três palavras definem a sala de aula do curso técnico em Tradução e Interpretação da Língua Brasileira de Sinais (TILS) ofertado pela Secretaria de Estado de Educação (SEE) na Escola Estadual Francisco Sales, referência em atendimento pedagógico a pessoas surdas ou com outras deficiências auditivas em Belo Horizonte.

As aulas tiveram início em 17 de março e, mesmo com menos de um mês de convivência, o professor Bruno Amaral, que leciona a disciplina Produção Audiovisual aplicada à Tradução e Interpretação de Libras, já percebe a vontade de aprender de cada um que está em sala.

“É uma turma muito heterogênea, tem alunos que são desde policiais a enfermeiras e estudantes do Ensino Médio. Pelo fato de ser uma turma muito diversificada, a gente pensa que as perspectivas também são diferentes, mas não – todos estão com a certeza de que querem ser intérpretes de Libras”, diz o professor.

A Francisco Sales é uma das seis escolas estaduais que receberam, em 2018, pela primeira vez os cursos técnicos de TILS ofertados gratuitamente pela SEE por meio da Rede Estadual de Educação Profissional (Rede). Com duração de dois anos, a formação também é oferecida na Escola Estadual Mauricio Murgel, outra instituição modelo de atendimento educacional inclusivo a pessoas surdas na capital mineira, e em escolas estaduais de Divinópolis, Passos, Uberaba e Uberlândia.

Para o diretor da escola, Marcelo de Brito, oferecer o curso técnico de TILS é um passo muito importante do Governo do Estado no que se refere à qualidade de atendimento às pessoas surdas.

“Hoje, com todo o fomento à educação inclusiva, que é fundamental, é preciso que os alunos tenham a garantia de um intérprete dentro de sala de aula para mediar a comunicação e facilitar a aquisição do conhecimento. Daí a importância desse curso, pois vai aumentar a oferta de profissionais para uma grande demanda de alunos”, afirma o diretor.

A coordenadora do curso técnico na Francisco Sales, Crislaine Barbosa, comemora as 60 vagas preenchidas e tem propriedade para falar da importância da oferta: surda, ela se comunica pela Língua Brasileira de Sinais e sabe as dificuldades que as pessoas privadas de audição passam quando se trata de comunicação.

“Fico satisfeita ao ver a sala cheia porque, se estes alunos estão aqui, significa que querem fazer a diferença no tratamento às pessoas surdas, que muitas vezes têm restrições de acessos por causa da comunicação. Então, com esse curso teórico e prático, os estudantes vão aprender as técnicas linguísticas e comunicacionais e, mesmo que não sejam intérpretes, serão profissionais que terão condições de dialogar e se entender com os surdos sem a necessidade de mediação, como por exemplo um psicólogo ou uma enfermeira que tenha um paciente surdo”, esclarece.

A professora, Débora Goulart, deu um importante aviso logo nos primeiros dias de aula: quem escolhe ser tradutor e intérprete de Libras tem que ter contato com pessoas surdas em dois momentos – durante o curso e para o resto da vida.

“É muito importante que, enquanto estudantes, eles procurem por cursos e oficinas complementares, palestras, seminários e outros encontros para se aprimorarem na língua, que é viva, e está em constante mudança. Vejo que eles estão participando muito, trocando ideias e experiências, e vamos também organizar a ida deles a congressos e conferências. No entanto, depois de formados, eles têm que continuar frequentando associações, festas e vários outros lugares onde haja surdos porque, sem prática, não existe conhecimento em língua que evolua”, recomenda.

Motivos profissionais foram o que levaram a pedagoga, Marina Silva Santo,s a se inscrever e matricular no curso técnico de TILS. Pedagoga especializada em Educação Especial, ela acredita que a presença de um intérprete em sala de aula no Ensino Regular para apoiar alunos surdos é fundamental, uma vez que a formação de qualquer cidadão se intensifica na escola.

“Se ele não tiver esse auxilio, como ele vai ter acesso ao conhecimento? Como ele vai se formar cidadão? Como, futuramente, ele vai atuar no mercado e em outros espaços sociais?”, questiona Marina.

Além disso, ela fala que tem uma demanda pessoal. “Se chegar um aluno surdo na minha sala, quero atendê-lo bem, como todos merecem. Quero que ele se sinta à vontade e bem entendido e atendido pela equipe pedagógica da escola onde estuda”, finaliza a pedagoga e estudante.

Os cursos técnicos de Tradução e Interpretação da Língua Brasileira de Sinais fazem parte da oferta de 26 cursos gratuitos que foram distribuídos em 21 escolas estaduais em várias regiões de Minas Gerais em fevereiro de 2018. Ao todo, foram disponibilizadas 4.040 novas vagas para interessados que cursam o Ensino Médio ou que já o tinham concluído.

 

Rede

A Rede Estadual de Educação Profissional (Rede) foi instituída pelo Governo do Estado de Minas Gerais, por meio da SEE, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos técnicos em todos os 17 Territórios de Desenvolvimento, de acordo com a vocação de cada região, contribuindo para a profissionalização dos jovens com vistas à participação como cidadão no mundo do trabalho e atendendo às demandas das comunidades e dos arranjos produtivos locais.

Em 2017, 44 mil estudantes ingressaram nos cursos técnicos ofertados pela Rede.

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